Eu quis te conhecer

23:49 / Postado por Marlon Brambilla /

Uma das únicas pretensões da sanidade desse espaço é a de não ultrapassar a linha do ridículo. Mas o mundo já aboliu essa linha e a dificuldade é manter-se fora dele. O espaço do ridículo é todo aquele dedicado à queda interior, porque mal-querido é aquilo de infelicidade que guarda a alma. O encontro com as tristezas tende a ser tardio, porque toda tristeza é um pouco de desencontro. O tardio chegou cedo para mim, e eu as estou conhecendo, querendo ou não. Na mente que as guardo, a construção é uma como as de Jean-Pierre Jeunet, mas antes do desfecho, retém-se na busca, no conflito que espera a trilha dos pianos e dos amores. O sentimento é semelhante ao de um monge que durante a vida oscila entre olhar para si e para uma estrela. A estrela involuntariamente ilumina os sonhos do monge e, mesmo sem querer, ela o faz se sentir cuidado. A estrela só existe para que o monge não se sinta só, mas a estrela tem consciência apenas do seu brilho e não daqueles que brilham por ela. Onde se econtra o monge com a estrela? Todo amor que nasce próximo à distância, nasce triste. Mas toda distância também é mãe de amores. É de um trecho de Marcelo Camelo, "Eu quis te convencer mas chega insistir, caberá ao nosso amor o que há de vir. Pode ser a eternidade má, caminho em frente para sentir saudade". A música diz muito. Quando a estrela não brilhar mais, o monge vai ter suas lembranças de luz, mas quando a memória lhe falar, ele terá uma grande escuridão. Aí então outras estrelas surgirão, e ele não vai mais se apaixonar, porque aprendeu que quem cuida também vai embora. Aí então o monge saberá que todo amor é, também, partida.


0 comentários:

Postar um comentário