Decepção

15:27 / Postado por Marlon Brambilla / comentários (0)

Já não bastasse o som do berimbal, a cadeira dura, o encosto áspero, o vento quente, o sol de 40 graus, o cheiro do lixo. A saliva descia seca com o sabor amargo da limonada, do amor e da idade. Ele está jovem e só e, a maior decepção, é a do limão por não conseguir adoçar sua vida.


(micro-conto do marlon, micro-conto do eduardo, micro-conto do limão).

Eu quis te conhecer

23:49 / Postado por Marlon Brambilla / comentários (0)

Uma das únicas pretensões da sanidade desse espaço é a de não ultrapassar a linha do ridículo. Mas o mundo já aboliu essa linha e a dificuldade é manter-se fora dele. O espaço do ridículo é todo aquele dedicado à queda interior, porque mal-querido é aquilo de infelicidade que guarda a alma. O encontro com as tristezas tende a ser tardio, porque toda tristeza é um pouco de desencontro. O tardio chegou cedo para mim, e eu as estou conhecendo, querendo ou não. Na mente que as guardo, a construção é uma como as de Jean-Pierre Jeunet, mas antes do desfecho, retém-se na busca, no conflito que espera a trilha dos pianos e dos amores. O sentimento é semelhante ao de um monge que durante a vida oscila entre olhar para si e para uma estrela. A estrela involuntariamente ilumina os sonhos do monge e, mesmo sem querer, ela o faz se sentir cuidado. A estrela só existe para que o monge não se sinta só, mas a estrela tem consciência apenas do seu brilho e não daqueles que brilham por ela. Onde se econtra o monge com a estrela? Todo amor que nasce próximo à distância, nasce triste. Mas toda distância também é mãe de amores. É de um trecho de Marcelo Camelo, "Eu quis te convencer mas chega insistir, caberá ao nosso amor o que há de vir. Pode ser a eternidade má, caminho em frente para sentir saudade". A música diz muito. Quando a estrela não brilhar mais, o monge vai ter suas lembranças de luz, mas quando a memória lhe falar, ele terá uma grande escuridão. Aí então outras estrelas surgirão, e ele não vai mais se apaixonar, porque aprendeu que quem cuida também vai embora. Aí então o monge saberá que todo amor é, também, partida.


Conto para a Regina (LIPII)

10:19 / Postado por Marlon Brambilla / comentários (0)


Conto de Carolina Dias narrado por Fábio Freitas.

Os Sete Pecados na Capital

18:20 / Postado por Marlon Brambilla / comentários (0)

De tanto praticá-los, eles saíram do campo das idéias e se materializaram nos componentes físicos da vida moderna. Mas não se confunda o pecado não está na imagem. O pecado está no olho de quem vê.
Através do processo de associação, a imagem possibilita que o receptor busque em seu repertório um significante para o estímulo visual ao qual foi exposto, entretanto o Mercado Municipal não é apenas visual, o Mercado Municipal é sinestésico.
O interessante na análise semiótica é que a identificação do objeto não se relaciona de forma lógico-racional com o significante, a relação entre estes é arbitrária, já que o primeiro pode ser lido de maneiras diferentes. Frutas. Lixo. Gestos. Pessoas. Expressões.

Conhecer é traduzir algo que não se conhece.


Olhar é projetar-se. Identificar os sete pecados no Mercado Municipal de São Paulo exige, antes de mais nada, que você reconheça o pecado dentro de si.